sábado, 27 de dezembro de 2008

Nenhum ser nos foi concedido. Correnteza apenas
Somos, fluindo de forma em forma docilmente:
Movidos pela sede do ser atravessamos
O dia, a noite, a gruta e a catedral.

Assim sem descanso as enchemos uma a uma
E nenhuma nos é o lar, a ventura, a tormenta,
Ora caminhamos sempre, ora somos sempre o visitante,
A nós não chama o campo, o arado, a nós não cresce o pão.

Não sabemos o que de nós quer Deus
Que, barro em suas mãos, conosco brinca,
Barro mudo e moldável que não ri nem chora,
Barro amassado que nunca coze.

Ser enfim como a pedra sólida! Durar uma vez!
Eternamente vivo é este o nosso anseio
Que medroso arrepio permanece apesar de eterno
E nunca será o repouso no caminho".



(Hermann Hesse - O Jogo das Contas de Vidro)


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Quero viver a simplicidade de só ser:
Ser dor, quando ferida,
Ser paz, quando silêncio,
Ser riso, quando agraciada.

Mas como ser simples sem ser só?
Sofro e não digo,
Grito em silêncio,
Gargalho ao avesso.

Como,
Como só ser sem ser só?





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